Quase diariamente a população da cidade de União já se acostumou com a mesma cena: torneiras secas e fornecedores justificando a interrupção do abastecimento por conta de “tubulação rompida”. O problema se tornou tão constante que já não surpreende ninguém. Mas por trás dessa repetição existe um problema estrutural que começou há décadas e até hoje não foi resolvido.
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A cada vez que um tubo estoura, não há alternativa técnica: é necessário interromper o fornecimento de água em toda a cidade. Isso acontece porque União não possui setorização na distribuição – ou seja, não é possível fechar apenas um trecho da rede. Toda a cidade sofre com a interrupção, mesmo quando o problema é localizado.
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Outro agravante é a pressão. O reservatório principal, quando recebe a sua capacidade máxima de 1,2 milhão de litros, aumenta a pressão na tubulação central – e essa tubulação ainda é feita de amianto, material que já está proibido no Brasil desde a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em novembro de 2017, que declarou inconstitucional a produção, comercialização e uso do amianto do tipo crisotila em território nacional.
Com o aumento de pressão, os velhos canos simplesmente não suportam e se rompem. Quando isso acontece, o asfalto também se rompe. Depois o reparo é feito, mas quase sempre a população reclama: a reconstrução da via fica mal acabada, desnivelada e com material de qualidade inferior.
Este problema poderia ter sido resolvido há anos. Em 2012, durante as escavações para implantação da rede de esgoto sanitário, financiada pela CODEVASF, foi aberta uma licitação pela AGESPISA no valor de R$ 2.700.000,00 justamente para substituir a tubulação antiga de amianto, implantada na década de 1980, do século XX. A empresa GETEL, que executou o esgotamento sanitário, também ganhou a licitação para substituir a rede de água. Porém, segundo informações, o contrato teria sido rescindido e a troca nunca aconteceu.
Agora, o problema volta a assombrar. Se a atual concessionária optar, finalmente, por substituir essa tubulação antiga, terá que refazer escavações praticamente em toda a área central da cidade – o que significaria um gigantesco transtorno em trânsito, comércio e vida urbana.
Outra questão entra em jogo: a lei municipal.
Desde 2021, está em vigor em União a Lei Municipal Nº 02, de 05 de Fevereiro, de autoria do vereador Eduardo Bacelar e sancionada pelo prefeito Gustavo Medeiros. A lei obriga que empresas, órgãos públicos ou qualquer responsável por abrir valas ou buracos nas vias públicas façam a devida recomposição da pavimentação em até cinco dias após o término dos serviços.
Quem não cumprir está sujeito a multa diária de:
R$ 1.345,00 para danos provocados em ruas com calçamento
R$ 3.300,00 para danos provocados em vias asfaltadas
E a recuperação deve ser feita com material de qualidade igual ao retirado, não podendo haver improvisos ou “remendos” que prejudiquem o pavimento.
Enquanto a tubulação antiga de amianto continuar instalada, o ciclo deve continuar: reservatório cheio → pressão alta → canos rompem → água interrompida → asfalto rasgado.
A pergunta que fica para os moradores é: até quando União vai esperar por uma solução definitiva e estrutural para um problema que já se arrasta por décadas?
A cidade não precisa apenas de remendos. Precisa de planejamento, investimento e responsabilidade com um bem essencial: a água que chega ao copo do cidadão.
Águas do Piauí emite comunicado
