O Conselho Regional de Medicina do Piauí (CRM-PI) anunciou, nesta quarta-feira (12), a suspensão dos atendimentos do mutirão de cirurgia vascular realizado durante o mês de fevereiro no Hospital Getúlio Vargas (HGV), em Teresina, após constatar diversas irregularidades.
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Fotos: CRM-PI
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Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) informou que tomou conhecimento da fiscalização e prestará os esclarecimentos necessários. (Confira na íntegra no final da matéria).
Durante uma fiscalização no local, o CRM-PI identificou os seguintes problemas:
- Ausência de um coordenador técnico do mutirão com Registro de Qualificação de Especialidade (RQE), exigido por lei.
- Falta de comunicação ao CRM-PI sobre os médicos participantes do mutirão.
- Ausência do Certificado de Regularidade da atividade.
- Prontuários incompletos, sem informações sobre:
– Horário do atendimento e procedimentos realizados.
– Histórico médico e familiar dos pacientes, incluindo doenças preexistentes.
– Exames físicos e complementares.
– Avaliação do estado mental, prognóstico e possíveis sequelas.
- Falta de alternativas terapêuticas, limitando-se à escleroterapia com polidocanol.
- Ausência de orientações sobre o retorno para avaliação médica após o procedimento.
Segundo o CRM-PI, os pacientes não foram informados sobre outras opções de tratamento e, em muitos casos, o primeiro contato com um cirurgião vascular ocorreu apenas no momento do procedimento.
“O mutirão de varizes funciona apenas de forma unilateral e não fornece nenhum outro meio de tratamento além da escleroterapia com polidocanol, que é o procedimento para tratamento das veias varicosas e da insuficiência venosa crônica dos membros inferiores. Assim, aos pacientes não é fornecido e nem orientado o retorno para avaliação com especialista vascular após o procedimento”, destacou o Conselho em nota.
A fiscalização também constatou que não havia um hospital de retaguarda para lidar com possíveis complicações, e os pacientes não recebiam orientação pós-operatória.
Outro problema identificado foi a falta de privacidade durante os procedimentos:
“Todos os procedimentos eram feitos em uma única sala com nove leitos, sem biombos, com alguns pacientes, homens e mulheres, necessitando ficar apenas com roupa íntima e com uma bata descartável semitransparente, sem conforto térmico e acústico. No local de realização dos procedimentos não tinha cardioversor, apenas DEA.”
Além disso, não era realizado o exame US Doppler de membros, essencial para o diagnóstico adequado das varizes, sendo utilizado apenas para guiar punções de veias para a aplicação do polidocanol.
Irregularidades também no Hospital Regional de Campo Maior
Além do HGV, o CRM-PI encontrou irregularidades em um mutirão semelhante no Hospital Regional de Campo Maior, onde não havia um responsável técnico e nem a presença do diretor técnico da empresa responsável pelos procedimentos.
Nota de Esclarecimento da Sesapi
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) informa que tomou conhecimento da fiscalização do CRM sobre o Programa de Tratamento de Varizes no HGV e prestará todos os esclarecimentos necessários ao Conselho.