A oposição já possui o número necessário de assinaturas para formalizar a criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS. Até a última sexta-feira, 29 senadores e 182 deputados haviam assinado o requerimento — superando folgadamente o mínimo exigido, que é de 27 senadores e 171 deputados.
A articulação para reunir as 211 rubricas ficou sob a coordenação da deputada Coronel Fernanda (PL-MT) e da senadora Damares Alves (Republicanos-DF). O documento será protocolado até a manhã desta terça-feira (6), abrindo oficialmente o processo que investigará problemas como fraudes em benefícios, atrasos e irregularidades nos sistemas de concessão de aposentadorias e auxílios.
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Divulgação
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Entre os signatários, chamam atenção os dois parlamentares piauienses que aderiram: o deputado federal Castro Neto (PSD-PI) e o senador Ciro Nogueira (PP-PI). Ambos reforçam o apoio do Piauí à investigação, que pode lançar luz sobre gargalos e desvios que afetam milhares de brasileiros.
Agora, a CPMI terá poder de convocar testemunhas, requisitar documentos e convocar autoridades do INSS e do governo federal. O objetivo é mapear a fundo onde ocorrem atrasos, identificar fraudes e propor correções que tornem o sistema mais ágil e transparente.
OPERAÇÃO DA POLÍCIA FEDERAL
Uma ampla investigação da Polícia Federal, apoiada pela Controladoria-Geral da União (CGU), revelou um esquema de fraudes nos benefícios do INSS que pode ter desviado R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. A operação levou à demissão do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, ao afastamento de outros cinco servidores de alto escalão e à prisão preventiva de seis pessoas ligadas a associações abusivas em Sergipe.
Como funcionava o esquema
- Associações de fachada: Criavam entidades presididas por idosos ou pessoas de baixa renda, muitas vezes no mesmo endereço e com a mesma dirigente, Cecília Rodrigues Mota, que fez 33 viagens internacionais em menos de um ano.
- Cadastro fraudulento: Aposentados e pensionistas eram incluídos sem autorização, usando assinaturas falsas e descontos em “lote” diretamente na folha de pagamento.
- Propina a servidores: Pagavam subornos para obter dados sigilosos e viabilizar descontos, mesmo sem o aval individual dos segurados.
Mecanismos de desvio
- Autorização em lote: O INSS liberava descontos sem checar cada beneficiário, abrindo brecha para aplicação massiva de taxas indevidas.
- Erros idênticos: Vítimas chegaram a ser filiadas a mais de uma associação no mesmo dia, com grafias idênticas das assinaturas — sinal claro de falsificação.
Quem está sob investigação
- Presidente demitido: Alessandro Stefanutto.
- Servidores afastados:
- Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho (procurador-geral do INSS)
- Giovani Batista Fassarella Spiecker (coordenador de Suporte ao Atendimento)
- Vanderlei Barbosa dos Santos (diretor de Benefícios)
- Jacimar Fonseca da Silva (coordenador de Pagamentos)
- Philipe Coutinho (policial federal, apoio no Aeroporto de Congonhas)
- Prisões preventivas: Seis dirigentes de entidades associativas de Sergipe (nomes não divulgados).
- O lobista “Careca do INSS”: Antonio Carlos Camilo Antunes
- Sócio de 21 empresas, com quatro usadas no esquema
- Movimentou R$ 24,5 milhões em cinco meses
- Articulava repasses a autoridades, incluindo familiares de servidores do INSS
Fonte: Portal A10+