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Em meio a tragédia, um ato de amor ao próximo com um desfecho que revoltou as entidades que lutam por transplantes no Piauí.
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Órgãos doados pela família da babá Juliana da Silva, 36 anos, que morreu ontem (8), ao ser baleada durante discussão de dois cunhados em Teresina, serão enviados para fora do estado. O motivo é a falta de um medicamento no Piauí chamado simulect, um imunossupressor que evita a rejeição do órgão transplantado.
A coordenadora de Central Estadual de Transplantes, Lourdes Veras informou ao portal Cidadeverde.com que a família de Juliana autorizou a doação de todos os órgãos. Foram cinco órgãos – duas córneas, dois rins e um fígado.
“Fizemos todos os processos, mas infelizmente o HGV (Hospital Getúlio Vargas) não poderá fazer o transplante de rins por falta do medicamento simulect. É um medicamento importante para evitar a rejeição. Soubemos que o hospital busca alternativas”, informou Lourdes Veras.
A coordenadora disse que os dois rins e o fígado foram incluídos na lista nacional para beneficiar pacientes de outros estados. Se tivesse o medicamento, os rins iriam beneficiar os pacientes da lista do Piauí que são cerca de 260 que aguardam o transplante de rins.
Lourdes Veras disse que o estado não realiza transplante de fígado, mas que as córneas serão doadas para pacientes do Piauí, já que a cirurgia é feita por hospitais em Teresina. Cerca de 380 pacientes estão na fila no Piauí por transplante de córnea.
“O fígado será disponibilizado para a lista do sistema nacional e os nossos pacientes aguardam no Ceará ou o órgão é disponibilizado para urgências em São Paulo”.
Lourdes Veras agradeceu o apoio da sociedade para a campanha de incentivo as doações de órgãos e disse que é triste ter que enviar um órgão para lista nacional quando poderia ser beneficiado um paciente local.
“A lista é grande, há muitos pacientes no estado aguardando e passando por um tratamento de hemodiálise que é duro e não podemos atender. Esperamos que o estoque do HGV seja reposto para que não volte a acontecer isso”.
Mariza Costa, presidente da Associação dos Pacientes Renais disse que a situação é revoltante.
“Isso não é a primeira vez que acontece de cedermos órgãos para outros estados por falta de medicamento no Piauí”, disse Mariza Costa.
Em nota, a Fundação Estatal Piauiense de Serviços Hospitalares (FEPISERH) esclareceu que está com dificuldades de aquisição do medicamento.
“Fundação Estatal Piauiense de Serviços Hospitalares – FEPISERH esclarece que está com dificuldade de encontrar no mercado o medicamento Simulect, utilizado em pacientes que vão realizar transplante de rim. Apenas uma distribuidora no Piauí fornece o medicamento. Diante da urgência do caso, a instituição está buscando um medicamento similar, a Thymoglobuline, em Curitiba- PR para substituir o medicamento. Foi realizado uma dispensa de três meses para que a substância similar possa substituir o remédio enquanto estiver em falta”.