166 anos de emancipação.. graças a fortuna e a visão!
O município de União completa em 2019, 166 anos de emancipação política, ou seja, de sua independência. Até 1853, éramos um distrito subordinado a Comarca de Campo Maior, e dependíamos dela para praticamente tudo. A povoação que se formou na margem direita do rio Parnaíba através da suposta Fazenda do Estanhado, logo desenvolveu-se em torno do porto fluvial estabelecido ali. Ele era importantíssimo para a vila de Campo Maior, pois era utilizado para o embarque e desembarque de passageiros, para o escoamento de sua produção, e importação de mercadorias. Ou seja, era um entreposto comercial muito valoroso. A proximidade com o rio, a quantidade de terras férteis, e a circunjacência com vilas importantes da região, como Campo Maior e Caxias (Ma), rapidamente atraiu muita gente para cá, todos interessados em prosperar no lugar. Para termos uma ideia da dimensão populacional do povoado, no início da década de 1830 já habitavam por aqui mais de 4.500 pessoas. Era um dos distritos mais populosos de Campo Maior.
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Entre esses habitantes, estava um dos mais importantes e decisivos para nossa existência: João do Rego Monteiro, o “barão de Gurguéia”. Ele, foi o grande incentivador e propagador da nossa emancipação. João do Rego Monteiro foi um homem de grandes fortunas, agropecuarista, comerciante, senhor de escravos, político, mas acima de tudo, um empreendedor visionário. Ele chegou ao Estanhado em 1813 junto com a mãe e os irmãos, aos 4 anos de idade, após perder o pai assassinado numa emboscada na localidade Gameleira. Aqui cresceu, fincou raízes e casou. Na mocidade assumiu os negócios e as rédeas da família. Rapidamente embarcou na política local militando no Partido Conservador, por onde inclusive chegou a se eleger deputado provincial por várias legislaturas. Tornou-se tenente-coronel da Guarda Nacional em União, onde comandou durante vários anos este aquartelamento. Visionário como era, logo percebeu que o Estanhado tinha tudo para se transformar num próspero município. Trilhando nessa certeza, e aproveitando-se de sua vasta fortuna incentivou aos moradores a empreender na povoação. Ele construiu edifícios, prédios, capela, engenhos, e fazendas, dando as condições mínimas para a fundação de uma futura Vila. João do Rego Monteiro sempre coadjuvou a Província e o Império. Em 1853, quando enfim veio a nossa “independência”, ele doou terras e emprestou imóveis para a instalação da Vila. Por conta de suas doações feitas ao Império, ele ganhou algumas condecorações, entre elas a de barão – “Barão de Gurguéia”, isto em meados dos anos 1870. Ele foi a grande liderança política unionense do século XIX, sendo o progenitor de uma poderosa casta política que comandou o município durante todo o século XX e presente nesse cenário até os dias atuais. Faleceu em 1898, já bem idoso e enfermo, mas na sua adorada e agora republicana União.
Se não fosse sua visão progressista e empreendedora, talvez demoraríamos em alcançar a nossa emancipação. Devemos a ele e a população que o coadjuvou, a nossa existência como unionenses.
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O Frei Cegonha