As investigações indicam que Maria dos Aflitos e Francisco de Assis premeditaram os crimes e atuaram juntos. Saiba tudo que foi esclarecido pela polícia em caso com 8 mortos.
O delegado Abimael Silva, responsável pela investigação do caso onde oito pessoas morreram, sendo sete da mesma família, ao longo de cinco meses em Parnaíba, deu detalhes dos pontos que levaram a polícia a realizar a prisão de Maria dos Aflitos, matriarca da família e seu companheiro Francisco de Assis Pereira da Costa. As investigações indicam que ambos premeditaram os crimes e atuaram juntos.
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Segundo a polícia, Maria Jocilene da Silva, de 41 anos, a última vítima fatal dos envenenamentos tinha um relacionamento amoroso com Maria dos Aflitos anterior ao relacionamento com Francisco de Assis.
MARIA DOS AFLITOS E SEUS DOIS RELACIONAMENTOS: MARIA JOCILENE E FRANCISCO DE ASSIS
“Esse relacionamento era algo discreto, cada uma tinha sua família paralela, mas era de conhecimento de todos, inclusive elas saíam juntas, a família da Maria dos Aflitos sabia, o Francisco sabia e era aceito por todos, mas esse relacionamento não foi o pivô desse caso. O Francisco de Assis tinha um relacionamento de cinco anos com a Maria e o que ficou demonstrado é que os dois tinham uma relação muito próxima, de cumplicidade. Ele odiava os filhos da Maria dos Aflitos, restringia alimentos, deixava alguns da família sem comida e ele falava a todo momento para a Maria que queria que eles ficassem sós. Mesmo assim a Maria continuou com esse homem que odiava os filhos dela, até o último momento. Ela disse que amava o Francisco de Assis, inclusive na última vez que ele foi ouvido ele foi perguntado se tinha alguma coisa para falar e ele disse que o que ele queria era reconciliação com a Maria”.
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MARIA JOCILENE CUIDAVA DA FAMÍLIA DE MARIA DOS AFLITOS
“A Jocilene gostava da Maria dos Aflitos e ela era a única preocupada com os filhos, com os netos e com o que a família comia, ela tirava do próprio bolso para pagar remédios, alimentos, todo dia de manhã ela saia da casa dela, passava na padaria e comprava pão para tomar café da manhã lá. Como foi no dia que aconteceu o último crime. No primeiro caso, ela passou três meses em Teresina cuidando dos meninos envenenados, ela perdeu o emprego porque decidiu cuidar dessas crianças e ela demonstrava uma insatisfação com a própria Maria. No dia 20 de janeiro, dois dias antes dela morrer ela falou em áudio para uma das filhas da Maria como ela não estava nem aí para a criança que estava em Teresina internada, a que foi a última a morrer”.
PRIMEIRO CRIME – 22 DE AGOSTO DE 2024
“Perguntamos para a Maria onde o Assis estava no dia do primeiro crime, ela disse que ele estava no trabalho, perguntamos para ele, ele disse que estava no trabalho. Quando as provas foram surgindo e a gente foi verificando que as provas não batiam com os horários que a Maria estava dizendo, no segundo depoimento a Maria disse que o Assis tinha chegado na hora que os meninos estavam passando mal. No terceiro depoimento o Assis confessou que tinha chegado na cena do crime antes dos meninos passarem mal, e no final a Maria confessou que o Assis colocou veneno no suco de pacote colorido e deu para as crianças tomarem e em menos de meia hora eles começaram a passar mal”.
“Foi no hospital que as assistentes sociais disseram que surgiu a história do caju, essa história surgiu de quem? do Francisco de Assis. No dia seguinte de manhã, a dona Maria dos Aflitos vem a Delegacia da Mulher, induzindo a polícia ao erro, registra um boletim de ocorrência dizendo que os netos foram envenenados pela ‘véia dos cajus’, se referindo a Lucélia. A polícia vai até o local, o Francisco de Assis entrega a sacola de cajus para a polícia e a partir dai veio o desenrolar da investigação, no dia seguinte a polícia fez uma busca e apreensão na casa da dona Lucélia. E perguntamos: ‘Dona Lucélia a senhora tem veneno na sua casa? Não tenho’. A polícia procura e acha um veneno, o mesmo veneno que foi usado contra as crianças, ela disse que o irmão queria praticar suicídio e guardou para ele não se matar, mas tudo se conectava para ela: o veneno na casa dela, o gato envenenado, tinha um gato que chegou agonizando lá na calçada e toda a população dizendo que ela envenenou o gato. Foi o mesmo veneno encontrado no gato, na casa da dona Lucélia e nas crianças. A Lucélia foi solta porque o intento criminoso deles não tinha sido concluído, eles não queriam matar só as crianças, eles queriam eliminar a família toda”.
SEGUNDO CRIME – 01º DE JANEIRO DE 2025
“Depois da dona Lucélia presa, depois de mais de quatro meses esperando a segunda oportunidade ela surgiu: a doação dos peixes. Quem recebeu os peixes? Francisco de Assis com a Maria dos Aflitos. Terminou a festa na madrugada, quem ficou acordado sozinho na madrugada? Maria dos Aflitos e Francisco de Assis, o plano já estava feito, eles iam repetir o que eles tinham feito no primeiro, a Maria dos Aflitos disse que foi na madrugada que o Francisco de Assis colocou o veneno no arroz”.
“No dia seguinte , a Jocilene que estava na festa chega meio dia para almoçar com a família como era de praxe, ela diz: ‘vamos fazer um arroz’ e o Assis não deixou, disse que era para aproveitar o que tinha sobrado. Tinha três alimentos: o feijão tropeiro, o baião de dois e os peixes que o Assis também mandou a Jocilene fazer. A filha da Maria dos Aflitos esquentou o arroz, tirou de uma panela e colocou na outra para requentar, a Jocilene fritou os peixes e o Assis preparou só para a Maria um frango e avisou que não era para ninguém comer do frango, que o frango era só dela, ele não deixou que ninguém comesse daquele alimento porque ele sabia que se alguém quisesse experimentar do outro alimento talvez não comessem do envenenado. A Maria ficou de forma proposital deitada na cama para não gerar nenhuma suspeita e não comer os alimentos, os primeiros que se alimentaram do baião foram os primeiros a morrer. Tinha tanto veneno na panela, que na panela original onde foi feito o alimento no fundo da panela tinha veneno, na lateral da panela tinha veneno, então quando foi requentado a maior concentração subiu os primeiros que se alimentaram foram os que morreram. Quem sobreviveu? Quem não comeu do arroz. Todo mundo foi socorrido pelo SAMU, só quem ficou em casa? Maria dos Aflitos e Francisco de Assis”.
MENTIRAS E CONTRADIÇÕES
“O primeiro policial civil que chega na cena do crime encontra o Assis perambulando sem apresentar nenhum sintoma, ele chega para o Assis e pergunta: ‘Tu não tá passando mal, tu comeu? Não, não comi.’ Aí já acende o alerta. Aí vem um policial militar: ‘Tu não comeu não cara? Eu comi um pouco.‘ No depoimento ele já disse que comeu tudo. Depois ele começou a dizer que foi os peixes, que os culpados era quem tinha levado os peixes , o Assis faz a Policia Militar ir atrás de quem deu os peixes, no CRAS, onde o doador dos peixes trabalhava, lá ele não foi encontrado. A polícia vai com ele até o hospital para pegar o nome de todas as vítimas, quando chega no hospital o Assis diz que está passando mal, aí lá mesmo ele fica e é atendido”.
“O Assis no velório das crianças chega para as pessoas e diz assim: ‘Vocês sentiram o amargo no peixe? Estava diferente.’ Só que ele sabia que o veneno não tinha gosto nem cheiro, é por isso que ele é eficaz contra rato, porque ele não tem gosto nem cheiro”.
CASAL APONTAVA DIFERENTES CULPADOS
A polícia aguarda os laudos, quando vem o resultado dos laudos, o veneno está no baião de dois, a gente começa a levantar a suspeita: Por que eles tanto indicaram que o veneno estava no peixe culpando terceiros? E aí a gente começa a chamar eles de novo, aí vem o segundo argumento deles : ‘A gente acredita que alguém entrou na casa e os filhos da Lucélia estavam aqui no reveillon’. O Assis e a Maria novamente culpando terceiros, não dava mais pra culpar os peixes e eles começaram a culpar os filhos da Lucélia”.
MARIA AGIU NAS PRESSAS PARA TIRAR ASSIS DA CADEIA
“Juntando provas e contradições a gente decidiu pedir a prisão temporária do Assis e ele mudou de novo as versões sobre o fato. A suspeita sobre a Maria ainda estava presente só que a gente não tinha elementos suficientes para pedir a prisão temporária dela. Vocês percebem como o primeiro e o segundo caso se conectam? No modus operandi, na desculpa, no planejamento, ele foi meticulosamente planejado, não foi feito às pressas, foi esperado o momento oportuno. Diferente dos outros ele foi em um espaço de tempo bem próximo do segundo, não teve prudência, não foi planejado. Ele foi feito às pressas, com a intenção de livrar o Assis, ela pensou se a Lucélia foi solta, o Assis vai ser solto, como ela disse na confissão. Ela aproveita a Jocilene, é a pessoa perfeita para assumir todo esse crime, ela envenena a Jocilene com o mesmo veneno já que segundo ela, o Assis deixou um resto”.
DEMORA DE MOTOTÁXI ATRAPALHOU O CRIME DE MARIA DOS AFLITOS
“Ela mistura o veneno no café e entrega em uma taça de vidro da para a Jocilene tomar, só que o plano da Maria dos Aflitos não era ela morrer na mesma casa dos três crimes, ela planejava que a Jocilene morresse fora de casa, só que quando a Jocilene pede o mototáxi que ela sempre pegava para ir para o trabalho, o mototáxi tinha outra corrida na hora e só podia pegá-la meia hora depois, ela resolve aguardar na casa da Maria, foi esse atraso que impediu a Jocilene de morrer fora de casa, ela começa a passar mal, com os mesmos sintomas e cai no chão. A Maria pede para o filho dela adolescente ir no bolso da Maria Jocilene e pegar a chave, todo mundo que tocou na Jocilene ficou com vestígio de veneno das mãos, pra vocês verem o tamanho da toxicidade desse veneno, como a policia chegou bem rápido, não teve tempo de quem estava dentro de casa sair”.
MARIA CONFESSA O CRIME – CRIANÇAS FORAM ENVENENADAS COM SUCO
“Foi feito busca na casa da Jocilene, não foi encontrado nada e veio prisão da Maria dos Aflitos, a apresentação dela de todas as evidências e ela confessou o crime, dando detalhes que a gente não tinha conhecimento, por exemplo no primeiro caso, no caso dos cajus, a gente não sabia qual era o alimento ou bebida que as crianças tinham ingerido, eles tinham comido vários alimentos, mas hoje a gente sabe que eles tomaram um suco de pacote envenenado, no segundo caso a gente sabia que era o arroz e no terceiro caso a gente sabia que a taça continha o veneno”.
Via Portal Meionews