Pagando carro-pipa de R$ 70,00 a R$ 200,00 e sem chuva desde abril, criadores de ovelhas de Betânia do Piauí perdem competitividade na venda da carne e dos animais por causa do custo da água e falta de água encanada
Ao não fornecer água encanada e potável para a população, o Governo do Piauí, controlado pelo PT há 20 anos, obriga os habitantes e criadores de ovelhas do município de Betânia do Piauí (590 km de Teresina) a pagarem carro-pipa de 9 mil litros por R$ 70,00 a R$ 200,00, dependendo da distância do povoado, a perderem a competitividade na venda da carne dos animais ou na comercialização do ovino inteiro.
Betânia do Piauí não registra chuvas desde abril.
O comerciante e criador de ovelhas Cleomar Xavier Ramos, residente na Vila da Empareidada, na zona rural do município de Betânia do Piauí, disse que sua família é de duas pessoas e o consumo de água para beber é de uma cisterna que tem na residência e acumula as águas das chuvas, mas para ter água para banhar, cozinhar alimentos, lavar roupa e a casa tem que comprar por R$ 70,00 um carro-pipa com 9 mil litros, suficientes para 20 dias e as ovelhas bebem água de barreira ou de um poço cavado na roça.
“Quando falta água nos barreiros e nos poços, que têm água salobra, a gente tem que comprar carro-pipa e torna a carne do carneiro mais caro porque tem que se colocar o custo da água”, declarou Cleomar Xavier.
Carmirele Coelho Paixão, matemática e criadora do ovelhas de ovelhas da Vila da Emparedada, disse que os custos da água comprada pelos ovinocultores aumentam o preço da carne dos animais.
“É um cálculo simples: se temos que comprar carros-pipas com água para manter os rebanhos, os custos da carne e dos animais aumentam e é uma concorrência desleal com o criador que tem água encanada e disponível”, falou
Carmirele Coelho Paixão.
O agricultor e criador de ovelhas José Ribeiro Lopes, do povoado Emparedada, disse que não compra água para beber, banhar, lavar utensílios domésticos e roupa porque sua cisterna é abastecida uma vez por mês pelo carro-pipa do Exército, que proíbe que a água seja usada para matar a sede dos animais que cria ou regar verduras, legumes e árvores frutíferas.
“A água do carro-pipa é de qualidade e se pode beber e usar para as atividades domésticas, mas quando não se tem mais água nos barreirinhos, que se carrega em um carro de mão e um tambor, e nos poços com água salobra, para matar a sede dos animais tem que se compar por R$ 150,00 a R$ 200,00 o carro-pipa com 8 mil litros porque os poços de 96 metros de profundidade têm uma água tão salgada que amarga e os animais que a gente cria não podem beber”, afirmou José Ribeiro Lopes.
Além disso, sem água, os habitantes de Betânia do Piauí com diabetes não podem plantar hortas e pomares para seguirem a dieta dos médicos de consumo de verduras, legumes e frutas e continuam se alimentando apenas com arroz e feijão mantendo altas taxas de açúcar no sangue.
Maria Ângela de Lima, moradora do povoado Emparedada é diabética há cinco anos só come arroz e feijão e fala que se tivesse água encanada oferecida pelo Governo do Piauí poderia plantar uma horta e um pomar para seguir a dieta prescrita pelo médico de consumo de verduras, legumes e frutas.
“O médico diz que a taxa de açúcar no sangue é alta, mas eu explico para ele que só como o que tem em casa, que é arroz e feijão. Se a gente tivesse água, eu poderia cultivar uma horta e não comprar as verduras, legumes e frutas de Pernambuco e Bahia, que estão cheias de veneno (agrotóxicos)”, falou Maria Ângela de Lima.