A passagem de um meteoro em plena luz do dia assustou moradores do interior da Bahia no sábado (2). Houve relatos nas redes sociais de cidades da região Centro-Sul baiana, como Brumado, Cristalândia, Dom Basílio, Carinhanha, Rio de Contas e Livramento de Nossa Senhora.
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“Tivemos muitos relatos de barulhos de explosão vindos daquela região. Então procuramos nas imagens de satélite e nas câmeras do Clima ao Vivo”, conta Marcelo Zurita, diretor técnico da Bramon (Brazilian Meteor Observation Network ou Rede Brasileira de Observação de Meteoros).
Por acontecer durante o dia, o brilho do meteoro foi ofuscado pela luminosidade do céu.
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Até o momento, foi encontrado um único vídeo que captou o exato instante da queda, às 15h59, em uma câmera na cidade de Nova Redenção, a cerca de 150 km do local da entrada na atmosfera. Veja abaixo:

O evento luminoso também foi confirmado do espaço com imagens do satélite meteorológico GOES-16, que tem um instrumento para mapeamento de raios e outras descargas elétricas na atmosfera.
“Como na região onde o flash foi detectado não havia nenhuma nuvem de tempestade capaz de gerar um relâmpago, podemos concluir que ele foi gerado pela passagem do meteoro, que também gerou o estrondo sônico ouvido por vários moradores da região”, diz Zurita.
A Bramon acredita ser um pedaço de rocha espacial relativamente grande, que explodiu ao atingir as camadas mais baixas e densas da atmosfera. Esse tipo de meteoro recebe o nome de bólido.
O evento libera uma energia tão intensa, deslocando o ar tão rapidamente, que produz um barulho alto, chamado estampido sônico.
“O som é gerado do momento em que a rocha explode, em velocidades incríveis que ultrapassam os 50 mil km/h. É normal isso acontecer. E como a onda de choque se propaga pelo ar, pode até fazer tremer coisas na superfície da Terra”, afirma Alexsandro Mota, astrofotógrafo e criador do canal do YouTube Mistérios do Espaço.
O estrondo e os tremores sentidos pelos moradores nada têm a ver com um impacto na Terra. Se partículas atingiram o solo, elas seriam muito pequenas, recebendo o nome de meteoritos.
“Este bólido deve ter gerado meteoritos em solo. Afinal, se o brilho foi suficiente para ser visto durante o dia, certamente pequeno não era. Sem contar que houve o som da intensa explosão, revelando que a rocha desintegrou e conseguiu chegar nas camadas mais baixas da atmosfera”, acredita Mota.
“Se houver meteoritos em solo, a região pode estar cheia deles, espalhados por uma área muito grande de alguns quilômetros. Mas isso só saberemos quando tivermos uma análise mais profunda do evento e da energia liberada”, completa.
Como não há registros de mais de uma câmera, é difícil determinar a trajetória do objeto com precisão. “Pelo que já temos, podemos concluir que a velocidade dele foi de pelo menos 65 mil km/h. Ao que tudo indica, foi provocado por uma rocha espacial com tamanho mediano, entre 30 e 80 cm com massa de até uma tonelada. Mas isso é uma estimativa. Ainda não temos dados suficientes para cálculos mais precisos”, diz Zurita.
Uol.com.br