Literatura Piauiense
- Publicidade -
Primeira Fase (1808 – 1866)
Neoclassicismo
- Publicidade -
É certo, entre os estudiosos da nossa literatura que o primeiro poeta piauiense foi Ovídio Saraiva de Carvalho, são poucas as informações sobre o mesmo, mas sabemos que nasceu na Vila de São João da Parnaíba em 1787.
Ainda com seus seis anos de idade foi enviado pelos pais a Portugal, onde mais tarde ingressa no curso de Direito na Universidade de Coimbra, é admitido ao Batalhão Acadêmico, que foi organizado com objetivo de ajudar a defender a cidade da invasão francesa. Parte de sua infância e juventude é vivida em Coimbra, onde cria laços de amizades com outras pessoas de sua idade, adquiri notoriedade e prestigio junto a Academia.
Aos 21 anos publica seu primeiro livro: Poemas – 1808 -, segundo Herculano Moraes nascia a literatura piauiense sob o clarão do neoclassicismo de inspiração lusa. O período do tempo em que vivia o nosso Ovídio era marcado por profundas mudanças de pensamento quanto a literatura, com o advento de uma nova filosofia retornava-se à simplicidade dos gregos e latinos.
Afirma Lima (2011, p. 20) a obra é fruto da sua formação lusitana de nítidas influências Neoclássicas e de Bocage. A poesia de Poemas é insistentemente neoclássica, mas já apresenta marcas de transição para o Romantismo. Exatamente as duas vertentes da poesia de Bocage. Poucos são os momentos de referência ao Piauí. Variedades e temas: sonetos, odes, cantatas, quadras e epigramas. Solidão, Deus, céu, amargura, tortura e morte.
Ovídio compôs a letra do hino Nacional, uma homenagem ao sete de abril, depois o hino oficial passa a ser o que hoje conhecemos pelo o da Independência de Evaristo Ferreira da Veiga e Barros. Nosso poeta ainda publicou as seguintes obras, Ode Pindárica e congratulatória ao Príncipe, à Pátria e à Academia, pela restauração do governo legítimo (1808), O Patriotismo Acadêmico (1812), O Pranto Americano (1812), O amigo do Rei e da Nação (1821) e ao grande e heroico 7 de abril de 1831 (hino de 1831).
Ovídio Saraiva exerceu a magistratura e Juiz de Fora, Mariana em Minas Gerais, foi eleito representante do Piauí as cortes constituintes de Lisboa, onde não chegou a tomar posse e foi substituído por seu suplente Pe. Domingos da Conceição. Falece na cidade Piraí, estado do Rio, a 11 de janeiro de 1852.
Poemas:
Soneto LXII
Passaram lustros três, e mais três anos
Que à Estância dos mortais volvi do nada;
Mas bem que ainda não seja adiantada
Minha idade, sofrido hei já mil danos.
Além dos torvos mares desumanos,
Recebi dos meus pais a vida ervada,
E contando anos seis, à Pátria amada,
Arrancaram-me os pais com vis enganos:
Desde então me arrepela a voz maldita,
Da desgraça letal o braço forte,
E sobre os tetos meus o Mocho grita.
E se não me enganei nos céus… ó sorte!
Esta sentença li, com sangue escrita,
“Em breves lutarás com a torva morte.”
Epigrama
Merece altos empregos
Pelo teu alto saber:
Sabes tudo, e só n
ão sabes
Contar, escrever, e ler.